28 February 2008

O TEMPO QUE ME PASSOU


Amontei os anos na concha da minha mão
O tempo é como água,
escorreu por entre os dedos
e da concha da minha mão,
esparramou-se ao chão.
A mais triste indagação
que me faço, e que me alarma
Que foi feito do tempo,
do tempo que me passou
e que agora está no chão?


27 February 2008

PORQUE ESTOU DE MAU HUMOR


"Minha vida daria um filme"!,
dizem os imbecis...
Os imbecis de cara de panela
Aqueles que têm uma emoção fraca a cada vinte anos
e que se julgam o shakespeare geminiano da própria história
Aos imbecis, dedica-se no máximo, um curtíssimo documentário mudo
"O mundo imperfeito dos Imbecis"
onde os protagonistas são imbecis
o diretor, o produtor e o patrocinador,
se plantam de imbecis
Minha vida, entretanto, não daria um filme
nem ao menos um documentário,
Minha vida daria uma nota no jornal:
"Poeta bom é poeta que se sabe morto"



26 February 2008

POEMA DA TRISTEZA FRIA


Minha mãe faz arroz doce
com leite condensado e raspas de limão
Minha mãe está à porta da cozinha me chamando
com uma voz cansada,
"Cilinha, olha o arroz doce!"
Não vê que tudo o que tenho vivido não tem sido doce, minha mãe?
Castigaram-me, surraram-me
cuspiram no meu rosto
e se eu tivesse um manto
também mo tirariam
Sua imagem se foi,
eu creio que também já me fui
Só seu doce solitário e frio, à beira da pia da cozinha.
Como tem sido doloroso viver, minha mãe....


25 February 2008

ESCURIDÃO


Tenho medo da falta de escuro
o que é claridade me ofusca
O meu escuro não é a falta de vida
É a vida que faltava
que eu escondi e criei
No escuro ocorreram as melhores coisas
Vinda do caos deu-se a origem da vida
Para o caos vai-se a vida que se originou
Da vida para a vida
Tudo passa pela escuridão.


POEMA DO ESPELHO


Uma avezinha caída no chão, despedaçada
Um brinco meu que se soltou e anda pelo asfalto
A falta de
e a consciência de
Hoje estou para morrer
Tudo o que vi me desalentou
Tudo o que me espera me desespera
Cobrirei os espelhos para não ver a minha face
Desapontada, e fria
como os espelhos são e hão de ser.





BOA SORTE


Uns marinheiros estavam parados à beira do deck
Levantaram os braços, todos em conjunto
para me desejar a boa sorte.
Neste momento da minha existência, marinheiros
a boa sorte não basta
é preciso um pouco mais de coragem
um ânimo colosso para atravessar os espinheiros
e uma covardia exibida de humildade
Fecharei meus ouvidos e me lançarei ao mar
Taparei minha boca e me lançarei ao mar
Cegarei meus olhos e me lançarei ao mar
Apenas terei comigo o cheiro dessa aventura
Que ora arde em mim e me intimida
por vezes arde em mim, e me excita

Boa sorte para o mar que me enlaça
Aos que vivem no mar, que me recebem,
aos que vivem por mim
e à minha volta,
também a boa sorte.


23 February 2008

INTERLÚDIO


Só não posso lhe dizer que sou feliz
porque poetas nunca serão felizes
Mas sou feliz distante da poesia,
tenho um par de olhos que chora
em dia de chuva e em dia de sol
e tenho um sentimento pelo mundo
que se não é simpatia, é respeito
Amo a mim mesma
como se amasse um passarinho morto
Não grito comigo
e nem me ponho de castigo quando sou má
Viver a vida que vivo é uma facilidade
Os homens passam, as mulheres passam,
o cachorro da esquina passa,
Só eu não passo,
Eu ainda permaneço em mim
Eu sou a alegria da minha chegada
e a mais alta contemplação do meu íntimo
quando tenho que partir
O que eu sinto é dúvida
Nunca será possível buscar felicidade demais,
Posto que não haverá mais poesia.

21 February 2008

POEMA DA BUSCA DA BEM-AVENTURANÇA


Porquê onde moro não existe mar
coloquei uma colcha azul por sobre a cama
e um véu também azul pendurado no teto

louca tentativa da bem-aventurança
era azul marinho, posto que era noite
e o vento, que não vinha
eu fiz soprar através da fechadura
Tudo era paz no meu canto
até que amanheceu lá fora
e a noite do meu mar não mais sabia
se clareava ou se mais se escurecia
Diante da minha farsa,
Quanto mais eu lamentava,
Mais negro de mar eu tinha...



POEMA DA FÉ NA VIDA


Se vês um passarinho
acredite,
que o passarinho também te vê
A mesma fé que há em ti
também reside nele
e o mesmo espanto...
Tu o vês como um corpinho aero-dinâmico
que pode às vezes cantar
Ele, por sua vez,
te vê como um ser que canta
e que no fim da tua vida, também voará.




20 February 2008

POEMA DA MONOTONIA


O que era um rasgo de alegria
foi-se com a monotonia dos dias de agora
Hoje, quando falo arrastado
falo arrastado de fato
monotonia também nas palavras
as sílabas têm preguiça de soar
e os verbos, esses coitados
não conjugam,
soltam-se no ar.


19 February 2008

VINTE



Contemos até vinte
para que a cena se desmonte
Coragem, vamos lá,
contemos até vinte;
Ao vigésimo som das nossas línguas
estaremos exaustos e exauridos
porque teremos atingido
o ápice da paciência de termos nos perdido.

PASTEL DE PALMITO


Hoje quiseram saber como estou
Estou exatamente na dimensão que me colocaram
Por cima tem nuvens
Por baixo tem solo
Entre as nuvens e o solo
Estou eu
Simples, ordinariamente ansiosa
suportando com valentia os dias
e correndo atrás do que sobrou
De vez em quando, para quebrar a monotonia da solidão
Como um pastel
De palmito
São os melhores.


POEMA DA SUFICIÊNCIA


A minha credulidade,
as minhas ausências na generosidade
os meus passos, cada vez mais vagarosos
e planejados,
a minha angústia de querer mais
tudo isso eu depositei num plano sacro.
Faltou-me coragem de requerer a resposta da súplica
Sou como sou
Peço, mas nego ajuda.


18 February 2008

MENTIRINHA


Hoje sinto uma falta de amendoim...
Sinto uma falta de triturar o amendoim nos dentes
Sinto uma falta da cidade do sonho
da minha mãe assentando a mesa grande para o café da tarde,
os bolos de maria luiza fumegando com a cobertura do açúcar com limão
o palito de dentes saindo de dentro da massa, liso,
a arrulhada da criançada
a tempestade que armava de tarde
e minha mãe, simplória,
vestindo os espelhos com uns panos
apressada, aflita, com o fim de espantar os trovões
e eu a me contar as mentirinhas que ainda conto para mim mesma
A felicidade é coisa tão pouca
bate uma chuva forte, uma falta, um espaço dentro da gente
a gente finge que foi satisfação
comer o bolo quente
e a mentirinha dói na gente...


16 February 2008

DESERTO


Estive uma vez num deserto
Muito tempo atrás
A aridez me assustou
Muito me assusta hoje
Hoje tenho a aridez de emoções em mim
Lembrei-me do deserto quando me lembrei de ti
Tua lembrança está assim para mim
Falta de tudo
Também a falta de mim.




POEMA PARA O PASSADO



Fico, breve momento, a olhar um quadro
Quem o pintou,
nunca soube de mim
nem conheceu os trespasses da minha angústia
Muito menos consolou-me à hora da perplexidade mais contundente
Olho este quadro e me revejo
na criança que fui
os medos, as hesitações
o terror das antecipações e
as confirmações da alma
as cores da minha infância,
as imaginações na prospecção do futuro
as sensações mínimas no corpo de mulher
a vir a ser
Viver é isso para mim
Olhar este quadro e rever a trilha
que risquei;
Inércia pintada na parede
O passado é pintura que se dependura
Hoje, um embaraçoso contemplar.



15 February 2008

POEMA DA ROLA NA CALÇADA


Dei meia volta quando vi a rola na calçada
Meu olhar também deu meia volta à volta da sua proximidade
Tantas vezes já vi uma andando pelo chão
e tantas vezes passei distraída,
não me importando com o fato
de que rolas andam
como eu,
a trocar o ar pela poeira!
Hoje foi diferente
Uma rola na calçada
Um par de asas fechado
Uma missão meio completada
Sou eu assim neste momento em que escrevo
Os pensamentos baixos,
ciscando pelo chão.


14 February 2008

CECI POR FORA E POR DENTRO


Falando de Ceci, eu lhe diria
que Ceci não larga mão de ser derrotista
Vejo que Ceci é uma
nas rodas sociais quando bebe um pouco
e fuma seu cigarro segurando a ponta para cima,
firme, apostólica romana, caricata,
mas circunspecta e tímida no agrupamento do seu íntimo
É uma Ceci rarefeita quando acorda
e uma Ceci atormentada à hora de dormir
Fosse como fosse,
Ceci não mudaria,
mesmo eu lhe ordenando que escape
mesmo eu lhe obrigando a recitar preceitos...
O padrão de Ceci é intocável
meio profano, meio santo
Por fora, Ceci é festa
É falta de celebração quando Ceci é dentro.


13 February 2008

POEMA DA CONSCIÊNCIA


Tenho me dado os direitos que mereço
Dou-me à tapas se mereço tapas
e acaricio-me se mereço um carinho
Todas as virtudes do mundo também são minhas
Como aquele dia em que compreendi a falta do outro
como sendo a falta minha;
De resto, apenas adormeço quando é preciso.


12 February 2008

POEMA DA ESTRELA DISTANTE


Tenhamos olhos para adiante
e os tenhamos abertos e ávidos
Não sei o que se passou em mim
Se foram nuvens que viraram algozes
Ou se foram fardos que viraram nuvens
De uma coisa eu já sei,
estou no interlúdio do espaço
Nem serena, nem perturbada
Estou inerte
como a luz da estrela fria
que bate na varanda
ela está aqui,
distante, porém, distante..



11 February 2008

POEMA DA DISTRAÇÃO


Serenarei um pouco
Tem dia que é noite
e tem noite que eu nem me alcanço
de tanto engendrar planos
e me recosto, cansada, cansada...
Aconteça o que acontecer
Surja o que surgir
sempre pensarei naquela casinha branca
à beira da estrada
os lençóis alegrando-se ao vento
atracados no varal
um boizinho ou dois
e aquela rudeza de vida
que só conhece o dia de agora
e a hora do neste instante

Se eu fosse mais limitada
e se eu fosse mais talentosa
contava os dias igual escolho feijão
esse tá bom, fica
esse não tá, vai fora...

Lá na casinha branca,
à beira da estrada
deve ter feijão de monte
tudo bom.



ENTÃO EU SORRIO


Vou logo avisando... este poema é o mais idiota que ja escrevi em toda a minha vida. Mas já que está escrito, fica aí...
Perdão pela falta de cuidado, até poeta tem seus dias tenebrosos de inspiração!

O meu credo sou eu quem desfia
e sou eu quem recolhe do meio fio
a moeda perdida
e o envelope vazio
Se viver fosse piada
Ninguém nascia berrando
e se morrer fosse fácil
ninguém se grudava no chão
Quem quiser minha companhia
tem que me ouvir lamentando
Nada foi fácil aqui
Contudo, ardil de ladrão
recebi do Criador a arma mais eficaz
Quando sorrio, destruo
o que o maléfico traz
(Acho um encantamento sorrir
pra quem tem cara feia...)


10 February 2008

POEMA PARA RIBEIRÃO PRETO


A poesia de Ribeirão Preto é poeirenta, mastigada
incluo na minha poesia o sotaque forte dessa gente
e a riqueza do meu vocabulário salta dessa terra.
Minha poesia e essa gente são o amálgama do que fui
Ando pela cidade de pouco verde
e muita atenção
Tudo me dá poesia,
se me reverbero em pauta
ou se me tranco em casa na busca do sossego
Falo da minha terra como se fosse minha...
Se essa fosse a minha terra de verdade
eu a veria mais descomplicada
Todavia, jogo poesia por onde passo,
na ânsia de imprimir aqui
as bandeiras que levantei e das quais não me esqueci
Se eu fosse verdadeiramente dessa terra
E se essa terra fosse minha
E se eu lhe elegesse minha mãe,
Haveríamos de dar-nos as mãos
e sairíamos pelo mundo, espalhando
que um poeta e uma cidade se estimam
como a um só se estima
Mas eu venho das bandas onde ninguém habita
expatriada e urgente da obtenção da posse
Se eu pudesse desejar o praticável
Exigiria o meu quinhão no sangue
e no berço dessa hereditariedade
Desejaria que essa terra me ouvisse,
tomasse conta das minhas madrugadas
me consolasse à hora que o calor propaga-se
e que me amasse,
como a um filho seu.
Porque lhe amo, terra minha
e porque desejo na intensidade máxima que seja minha
fica com meu afeto necessitado,
e com a minha maturidade, na poesia.



09 February 2008

DECRETO


Hoje baixei-me um decreto
Fica terminantemente vetado que
a partir de agora
as ararinhas morram
que os ventos entrem em greve
e deixem de uivar à janela do meu quarto
que as canções da minha infância
parem de soar por dentro da minha mente
que os mendigos prosperem
e percam a visão do alcance da sorte
e que os ricos se rasguem
e que percam a visão da manutenção da sina
Fica proibido que eu abandone a solidão
me jogando ávida nas pistas de dança
e pintando meu rosto com borrões
naquela falsa alegria de dama do baralho
A partir de hoje
está previsto
que eu morra somente de amor
e que na hora da morte por esse amor
eu possa sussurrar, entre um pouco ofegante
e febril o bastante
Valeu-me!

POEMA DE AMAR-SE POR DENTRO


Dedico-me até as tampas em fazer as coisas que adoro
Adoro meu sorriso contornado pelo batom cereja
E haja cereja para adereçar meu riso!
E quando me deito sobre a maca branca
naquela espera impaciente pelas mãos
que me fazem a massagem das insidiosas gueixas
meu corpo renasce na base da lagartixa
O que me lanharam nas surras durante a semana
A simbiose das mãos com meu corpo repõem a vida
Enfrento-me com a música
no balançar do andamento
que se mistura a mim como vodca ao gelo
e caio no sono perfeito
onde as sombras do dia trazem a mutação da luz
É ordinário e leviano ser feliz quando se ama por dentro.




07 February 2008

CÉU


Do chuvão que caiu
só vi duas gotinhas presas na vidraça
O que estava nas nuvens,
eu espremi com a mão, que ficou molhada
agora tenho o céu nas minhas palmas.

SANTA ABADIA


Num dia triste como esse dia
Fui à igreja da Abadia
Estava com minha mãe
Minha mãe trazia um vestido escuro
bem ao gosto do dia
Eu me vestia de amarelo claro
um vestidinho rodado,
de laço de fita amarrado pra trás
Nossa Senhora da Abadia só olhou com compaixão para minha mãe
Nem notou as minhas faces coradas,
os meus cabelos desalinhados por debaixo da travessa
o meu riso descontrolado, baixinho,
abafado pelas mãos em concha sobre os lábios...
Quando eu for santa
nunca me chamarei Santa Abadia
Abadias não gostam do que é doce.

POEMA DO PASSARINHO-FILHOTE


Foi uma cena clássica
Enquanto homens se movimentavam
por conta de cálculos,
dos parcelamentos da dívida
das engrenagens que deveriam produzir riqueza
todos circulando por entre vidros e fios
um passarinho-filhote,
de biquinho aberto,
que havia caído do ninho
assustado, por cima do gramado
espremia-se de tanto piar
à espera do eventual socorro
As máquinas foram parando devagar quando deu a hora
os homens de terno saíram, afrouxando as gravatas
As mulheres batiam os saltos no passeio claro
as luzes se apagaram na dança da sincronia
o passarinho-filhote não se cansou de esperar
tonto, distraído do ambiente árido e cru que lhe circundava
Agora cai uma chuva de doer
Todos estão a assistir TV em casa
vestidos de calções velhos e meias largas
Temo pelo piar continuo que me guardou a tarde
Natureza dos fortes,
não imagina a imensidão dos fracos
Amanhã hei de ouvir o piado novamente
agora, mais forte,
mais experiente,
à beira da murada.

06 February 2008

POEMA DA DISTÂNCIA


Compreendamo-nos sempre,
Eu aqui
e você acolá
onde você mora
e onde seu travesseiro lhe faz ninho
Quando é noite aí
também escurece aqui na minha paisagem
Entretanto,
o fio invisível que nos liga
e as nossas almas, nos circunda e nos amarra
antes tão soltas, tão perdidas de nós mesmos
existe no mundo que não vemos
mas que pressentimos
e tão presente nas palavras
que o vento infla
e o tempo não esgarça.


05 February 2008

POEMA DO DESTINO BRANCO


E se eu lhe pedisse uma orquídea branca, patativa
Será que me daria?
E se eu lhe pedisse um destino branco,
sem mácula ou rubor
sem os pecados ordinários
dessa gente simples
será que eu receberia?
Me daria um amor tão grande
e me carregaria sobre seus ombros
como um fardo ameno
que você quisesse ter?
E se você voasse, patativa,
me levaria consigo para o branco
que ainda nao sei?
Vem patativa, e me leva...
Porque se houver montanha, eu irei
se houver um mar de pedra
se houver frio sobre o mar
ou calor por sobre a terra
ainda assim, eu irei...










04 February 2008

PERSONAS


Ah, as minhas personas
torturadas pelo ego revolto do meu centrismo!
Se eu fosse apenas uma
seria a mais gentil
a mais cálida,
aquela que tem uma mão pequena
e um sexo enrolado na falta de sabedoria
Mas sou a múltipla personagem da existência
enfiada à história que contei ao meu destino
Em todas elas,
Sou a mais pura das mulheres
dentro do elenco de conflitos,
pura, porque me conheço bem
E no que me conheço,
mais me multiplico.




POEMA DE SE BUSCAR PAIXÃO


Dêem-me uma paixão
que farei dela
uma parábola que me guie
um rio que me transporte
um prato de sal que me enrudeça
e o melado do açúcar que me adoce...

Dêem-me uma paixão
que as paixões são ensandecidas, minha amiga
Ou cortam os lábios com as palavras roucas
Ou curam as feridas mais antigas.



02 February 2008

CRISTAL DE MINAS


Um dia como esse,
em que o cristal de Minas foi transportado para cá
temo por minhas antigas luzes
O que um dia me foi a íris do olho amarelado
Fez contraponto de mim
Tudo o que fôra simples
passou a ter um significado
Sei hoje que todas as minhas lutas
as grandes,
aquelas que venci
e as outras que necessitei que me vencessem
foram ridiculamente encenadas
O cristal de Minas
suas luzes amareladas
algumas vezes, as violetas azuladas
me mostraram a entrada da simplicidade
O dia de hoje foi assim
água, cristal de Minas,
e saudade.