25 April 2011

CANÇÃO PARA MINAS


Fomos para Minas.
À parte os queijos,
os pães, a natureza amontanhada,
um coração saltou à minha frente.
Talvez fosse meu próprio coração
aflito por tanta beleza,
ou talvez fosse o coração de Minas,
esta bandeira que pulsa,
que não se explica,
mas que fala e sente.

CANÇÃO DO PORQUINHO E DAS DÁLIAS


Um dia te levo
a passear de carro, meu anjinho.
Levaremos na traseira, dálias
e comparei um porquinho para ti
para que te lembres de mim
quando eu faltar.
A tua companhia
há de agradar as gordurinhas dele,
suas birras, os muxoxos que ele te dará,
tal como eu faria
se me fosse dado pertencer a ti.
Ama o porquinho então,
amando a mim,
que estarei bem longe, meu anjinho,
replantando dálias
e me lembrando da tua risada ampla,
que me protegeu de males
e me trouxe a calma.
E porque eu estarei  longe,
queira do porquinho, acima de tudo,
e acima de mim,
das quenturas, dos risos, dos laços,
a beleza da alma.

O CAMINHO DO CÉU



O caminho do céu é largo
(são as abóbodas que me atraem
no céu que existirá)
O caminho do céu é plano
(são as planícies atapetadas de verde
que prometem abrilhantar-me os pés)
O caminho do céu é grátis
(são os meninos que distribuem
água benta os que me adiantarão
a santidade)
O caminho do céu é luz,
pombinhas, mar, estrela, caramujo,
tudo misturado.
Ah, se eu fosse candidata ao céu
e se eu fosse aprovada!
Para os que crêem muito,
muitas moradas,
para mim, apenas um céu azul
da manhã, fresquinho e inesgotável.

MORNA CHUVA

Morna chuva,
morna alma.
Quem poderá falar de fogo
se vive em água gelada?
Do que não conheci,
sinto falta,
e do que vivi,
nem lembrança amarra.

DE VOLTA ÀS BOAS LEMBRANÇAS

11 April 2011

CANÇÃO DO AMOR DEMAIS



O que sei,
depois de um verão escaldado,
de muitas noites ouvindo trovão,
é que sua companhia,
(algodão de travesseiro
por sobre meus pés)
permaneceu intacta.
Fossem dez verões,
dez verões eu falaria da sua maciez,
e dez noites de trovões me falariam
da sua virilidade, em forma de
um líquido azul
e um sono de parvos.
Seu braço e sua rota,
seu nome e sua palavra,
e aquilo que busquei
foi o que absurdamente achei
por debaixo da minha mortalha.
Eis aqui o bíblico sonho
de uma mulher que não crê.
A que estava morta, agora vive,
e o que passou, passou a não viver.

CANÇÃO DE NÓS


Vim para falar de amor
contudo, para nós
é tão pouco um pote!
Somos da concha, eu, o luzidio aço
e tu, o que acolhe e enche,
o que distribui de farto e de racionalidade.
Eu, o lustro que se perde
e tu, a serventia que dá
e justamente mergulha e reparte.

LIBERDADE



Ama-me como se amasse um pássaro;
a liberdade que lhe inspiro,
toma-lhe para si e desata-me

08 April 2011

TUA LEMBRANÇA

Tua lembrança amada,
um riozinho de lágrimas
na pradaria da alma;
uma coisa quente,
conforto e cálida saudade,
que me angustia e me prende.