Desse poema de Clarice eu gosto
Da flor tristinha que caiu do vaso, eu gosto,
De ficar sozinha no meu quarto
Pensando em nada,
Cabeça presa no teto, eu gosto
De tomar longos banhos quentes
De modo a trocar de pele, eu gosto
De me enfiar na fechadura do olho do gato
Me tornar verde adamascado de terror
Que fita a gente no através, eu gosto
De surpreender a manhã já acordada, às vezes gosto
Mas de dormir até tarde, as pernas lentas,
Sem obedecer ninguém eu gosto, e como gosto
Não gosto de confessar a mim mesma que sou o que eu sou
Isso não gosto
Gosto de ser, e basta.
1 comment:
Nossa, Andre, partindo de vc fiquei emocionada.
Obrigada.
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