09 August 2006

O ACENDEDOR DE POSTES


O acendedor de postes
Todo dia descia a rua
Poeirenta e suja
Com um varão na mão
E beliscava lá no alto
Cada lâmpada
Que se acendia,
Como num milagre...

Uma a uma que brilhava
Em meio à tarde, quase ao fim do dia,
Vinha com a promessa da modernidade
Para meus olhos, entretanto,
Era uma espécie de susto, de miragem.


E eu, a menininha feia,
De pé descalço e roupa desleixada
Olhando encantada o fio de estrelas
Todas se acendendo, , enfileiradas,
Tributava ao homem o poder de dar
Luz e claridade à noite que chegava....

E se ele faltasse, quem daria,
Luzes aos becos e às trevas da cidade?
Se ficasse doente, se morresse,
E se apenas se cansasse da paisagem
E se um dia, de repente, se mudasse?

Que tenho da menininha do passado
Nesta mulher de hoje, de verdade?
Ainda espero o acendedor de postes;
Sentada na varanda dessa minha idade,
Para dar brilho e cor à vida condenada.
Eis que ela é fria, é funda, é úmida e escondida;
É necessário iluminar a rua
Desta minha vida escura e abandonada!

1 comment:

Anonymous said...

Maria Cecília!

Parabéns pela iniciativa! Vamos preencher o cyberespaço com poesia!

Abraços do

Sérgio Grigoletto