19 September 2006

CLARISSA E A JACUTINGA


No tempo em que fui feliz
E sabia fazer poemas
Eu tinha um nome de santa
Era Clarissa dos Reis
Da ordem dos Franciscanos
Doce igual doce de clara


No tempo em que fui feliz
E sabia subir em árvores
Eu tinha as pernas esguias
O dorso fino, delgado
Pegava a fruta no pé
Livre, suspensa no ar
Perto do céu, sem limite.

Agora sou jacutinga
Triste, feia, enegrecida
Jacutinga, jacutinga
Não há canto que me doa
Tão igual a minha vida
Se houvesse morte ao contrário
Eu nascia jacutinga
E morreria Clarissa
.

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