05 September 2006
DOMINGO
Nesse meu quarto novo,
Em que não há cortinas,
Desperto mais cedo neste domingo,
Porque as filigranas do sol batem inteiras
Por sobre as paredes, chão, armários e vidraça.
Festejo a vida; há ouro em pó por sobre a cama.
A cidade está calma porque muitos ainda dormem
Porém, o meu coração agita-se;
Permito-me atravessar um longo dia de reflexão
E dúvidas.
Penso em viver o cotidiano simples,
O lavar o rosto, preparar café, beijar as crianças;
O dia ainda é uma semente,
Vai florescer até à tarde, e terei mais uma página escrita
Da solidão de todos nós,
Que tenta distrair o dia para esperar a segunda feira
Com seus tormentos e suas obrigações.
Ainda é um domingo inerte, repleto de promessas
Logo se transformará em tédio.
Contudo, o ar deste domingo agora no meu quarto,
Pintando cores quentes sobre a minha cama,
Dá-me a segurança do ser quem-sou,
Do regozijo de meus enganos,
Da dor das minhas perdas,
Da imensa felicidade de me saber vivendo;
Das buscas ainda a empreender,
De meus sucessos,
E também de meus óbvios fracassos.
Respiro profundamente este domingo novo,
Que apenas brotou...
Sinto um contentamento inocente
Porque é ainda é tão cedo,
Tudo está calmo,
O silencio dos que dormem é leve,
E eu, aqui, encantada e rodeada de domingo.
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