09 October 2006

ALMA SERENA


Estive refletindo sobre o consumismo depois de uma conversa ontem à noite. Descobri a falta do desejo de consumo em mim, descobri que neste momento e talvez, ja há algum tempo, venho me bastando, eu e eu mesma , sem mais espaço para nada e para mais ninguém. Acho que a maturidade tem esse papel férreo de impor às nossas almas já mais experientes a reflexão dos nossos atos. Tanto há a descobrir, a adquirir, a aperfeiçoar em nós, alguém por favor, pode me explicar se há aqui fora alguma coisa que compense a virtude e a humildade de nos sentirmos neste momento, grandes descobridores de nós mesmos, tesouros ainda por traçar e buscar, os mapas pessoais com rotas pela metade?
Se esse período vai durar nunca se sabe, mas o caminho é longo e é certo que não terminarei jamais. Eu, você, todos nós, as obras inacabadas.


Mais uma vez sai à rua e não comprei nada
Vejo pessoas na ânsia leve de consumir tudo
Mas o tudo ainda é irrisório
Para este poeta que não vê sentido
Nem razão para trazer algum embrulho para casa
Saio comigo mesma
E volto cheia de mim
Tenho adquirido facetas todo dia
Que ainda desconhecia únicas e minhas
E me compadeço profundamente pelos outros,
Que me parecem tão felizes,
Trocando dinheiro por mercadorias
Centavos por migalhas,
Notas por prazer de trocar, trocar, trocar,
Quando não se dão conta
Que nunca foi preciso adquirir
Possuir, apossar-se.
Agradeço à minha alma serena de hoje
Que gosta mansamente de ensinar
Que dentro de nós há o que baste
O desconhecido em nós
O " x" da questão, o enigma da pirâmide
O caminho da saída de dentro do labirinto mitológico
O Minotauro da realidade em nós,
O fio da meada
Há muito pra se conseguir no íntimo da vontade
Não posso me distrair com mais nada.

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