FIO DE PRATA
Já tive saudades de mim, da minha infância
Hoje já não a tenho mais
Por não conseguir me lembrar da minha face,
das minhas pernas finas,
da timidez que me levava para os quintais,
que me assombrava,
a ponto de desacreditar que a vida era o que eu via
Hoje quedo-me imóvel a olhar essa planta que se desidratou
Nem desejo mais olhar-me em qualquer espelho
Temo pelo que sou,
e mato-me de medo pelo que serei
Posto que a vida é espada de prata
Nem bem reluz, risca pálida de luz
e já escurece, na perda da vitalidade
Vida minha, que eu nem vi,
fio de prata...
1 comment:
Cecília
Eu sempre leio este poema. Acho lindo!
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