Queria começar uma poesia hoje
e gostaria que ela nunca se acabasse
Que me acompanhasse no que ainda me resta viver
e que me velasse, insone, à hora da minha partida
Seria ela um consolo e uma amiga que nunca tive
um braço que me faltou na condução da dança
Seria meus pés, tortos de vergonha
quando enrubesci no momento da mais alta vergonha
e seria também a música que me faz falta quando estou dispersa,
entre o trabalho e a iniciativa do risco do trabalho
Queria começar uma poesia hoje
que me fosse o brinde da trindade,
única em mim, e farta de verdade:
música, sentido e saudade.
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