19 February 2009

POEMA DA CONSCIÊNCIA DO AMOR


Eu sou aquela que ama
e que desama no mesmo espaço de tempo
Amo o bicho, suas similaridades comigo
mas não lhe amo o cheiro de bicho
e talvez sua agressividade vocacional.
Amo o pedinte, mas não a sua subserviência;
amo o fraco, mas não a sua apatia;
amo o triste, mas não a sua tristeza desesperançada;
e no venturoso, amo-lhe a fortuna de vida
mas não a sua vaidade.

Se eu amasse tudo em toda gente
eu seria um ser abstrato, bondoso, mais irreal
do que a realidade que busco e vivo
Amo, mas não amo absolutamente.
Amo a parte que me cabe amar
a parte que anda comigo
Amo-lhe portanto,
mas, à parte as coisas que não almejo
amo-lhe fracionalmente,
num amor bom, senão inteiro,
na melhor e mais benéfica
possibilidade de amor.

1 comment:

Anonymous said...

Acabei de ler seus mais recentes poemas, que estão aqui para quem quiser admirar. Você é a poeta talentosa e personalíssima de sempre! É daquelas que não precisa assinar a obra, que a conhece já sabe de quem é. E como sabe!
Pena que editar livro no Brasil seja tão difícil e caro... Creio que você já tem poemas para mais alguns livros, Cilinha. E que lindo será.
Beijos do tio, padrinho e admirador, amilton