02 August 2006

CECI




<em>Enfia a viola no saco, Ceci
E parte logo,
Te manda pros confins do mundo
Porque o que está aqui não é para nós
O que está aqui é para gente ajustada e comedida
O que somos nós, Ceci?
Somos doentes da poesia,
Quando não somos a própria poesia adoentada
Poetas não são gente, dizia minha avó,
São rabo de peixe e rastro de cometa,
Que quando passam, deixam só o tiquinho de ilusão
Vai-te embora, Ceci,
Vai-te agorinha
Porque a vida passa,
O cometa passa,
O peixe nada em círculos,
E não há nada que faça com que fiquemos aqui
Para nós, ou há o céu do rastro do cometa,
Ou há o lago doce que represa o peixe
O entremeio da vida,
O ponto e virgula da normalidade
Não estão em mim nem em você, Ceci,
Estamos nas reticências do acaso,
Ou no começo interminável da eternidade.
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