29 July 2008

POEMA DO ESQUECIMENTO


Não me queira mal se eu lhe esqueço,
os dias passam tão afoitos, mal intencionados,

nem me lembro de sorrir como devesse

Pois o que é, o que foi cultivado,
isso será para sempre.

27 July 2008

ZAZÁ LUZ


Feliz Aniversário
a quem aniversaria todos os dias
pelas ações benévolas de sua singeleza...
Alma gentil, franqueza de rainha
espírito de monge
e paz de carpintaria...
(paz artesanal, trabalhosa, artística)
Se a luz se fizesse de filha
sua ela seria,
E tendo o sol por irmão,
viria do mesmo ninho...
Sol amigo
sobre sol bem vindo
Feliz aniversário,
a quem ilumina!








25 July 2008

NÃO É PARA SEMPRE


O duro de se ser feliz
é que enquanto estamos sendo
absurdamente radiantes,
e nosso sorriso estampa a permanência dos bons sentidos,
raramente temos a noção
do estado esplendoroso em que nos encontramos
Só depois, no apito da curva,
é que nos sabemos pobres...
pobres de Deus e pobres da nossa frágil natureza
naquela embasbacação de criança que perdeu a brincadeira
Quem nos enganou?
Fomos nós mesmos.

24 July 2008

VALEU A PENA


De quais felicidades me acrescentarei doravante?
Um frio que resvala-me os cabelos num fim de tarde
um sossego de lã,
um bolso que não me pese a mão
e finalmente,
o amansar dos espíritos que se agitaram...
Nada mais pediria do que ter o coração
com a lição de casa decorada para o amanhã;
olhar em qualquer direção, e ainda assim dizer:
"se houve pena, creio que valeu"

21 July 2008

TOLERÂNCIA E RESPEITO - A LIÇÃO DE HOJE


"Quando compreendo que todos estamos aqui desempenhando nossos respectivos papéis e que cada um tem o direito de ser como é, sou capaz de tolerar o comportamento de qualquer pessoa, por mais provocativo que seja.

Se alguém está errando e não está fazendo nada para mudar essa atitude, só posso ter misericórdia.

Se ele está se empenhando em mudar o erro, só posso ter respeito.

Tolerância é o amor que oscila entre misericórdia e respeito."

(O'Donnell, Ken)

18 July 2008

POEMA DA SEXTA FEIRA


Porque hoje é sexta feira,
usei o meu batom cor de groselha
que me dá um ar de fantasma agitado.
Nada mais haverá de ser feito;
o sol brilha como nunca
as pessoas estão reclamando da vida
e enfiando-se, teimosas, nas coisas;
Chuparei uma laranja quando for de noite
e esperarei que a semana passe
igual a um trem noturno de carga...
Para isso, fecho os meus olhos para fora
e adormeço-me, à custa de algumas homeopatias,
aqui por dentro, entediada.

17 July 2008

ESCOLHAS


Venho pensando em minhas escolhas
Poderiam ser apenas escolhas,
nâo fosse o desastroso resultado que delas adveio
Quando escolhi, julguei ter havido ponderação
mas quando decidi a escolha,
houve a reverberação das energias por sobre minha existência
Como naquele dia, em que atirei uma pedra no lago
ela mergulhou, pesada e rápida
depois os círculos foram se anelando, cada vez maiores
e a pedra jazeu na base, escondida e conformada.
Por mais que os anos passem,
e que nunca saibam,
sempre saberei que a pedra que joguei
modificou a natureza do lago,
não porquê o transformasse
mas porquê agora do lago, ela é parte.

A LIÇÃO DE HOJE


Os animais selvagens fogem do perigo que os envolve, e mal lhes escapam não mais se preocupam.

Nós, porém, atormentamo-nos por aquilo que é passado e pelo que há-de vir. E assim, aquilo que é uma bênção magoa-nos, pois que a memória traz de novo a agonia do medo, e a previsão antecipa-o.

Ninguém confina a sua infelicidade ao presente.


Séneca, 4 a.C.-65 d. C., filósofo romano, Epístolas a Lucílio

16 July 2008

Atribuída à Nietzsche


"Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar para atravessar o rio da vida - ninguém, exceto tu, só tu.

Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias.

Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Onde leva?

Não perguntes, segue-o. "


14 July 2008

POEMA DO ENCONTRO


Façamos de conta que somos irmãos
e que tivemos a mesma criação
Você me fala de nossa infância
a fase amarela do casulo
onde tudo era balão e choro
e eu lhe serei o nosso pai e mãe;
a proteção condensada de futuro.
Seremos felizes,
felizes,
na explicação do lúdico.

06 July 2008

QUANDO SE VIVE O ÓBVIO


TEM DIA QUE É NOITE

IR NO FUTURO DO INDICATIVO


Se a sua confusão lhe assanha o espírito
recua,
e se a minha aparição lhe impõe um medo
terrível de que fique só
afaste-se
Nao vê que nunca será possível
conjugar o verbo ir
no pretérito passado?
Ir é futuro do indicativo
que indica vida
que senão linda,
seja nova.


05 July 2008

POEMA MANSO


Pensei que eu fosse ser aquela pessoa enjoativa
que se misturava com os outros;
Enganei-me,
Sou óleo de essências
e a espuma burra de qualquer mar
sou crespa como alface fresco vindo das vindimas
que a gente mastiga até virar seiva na veia
Desisti de me amalgamar
amar, mal amar
desamar o que fôra amar
para compreender o que é ser pessoa...
Sou só aquilo que aprendi a gostar.

03 July 2008

TRÊS PONTINHOS...


Bem que a vida podia ser três pontinhos
Eu nasceria um pontinho rosado, bem ingênuo
e teria todas as dúvidas acerca do mundo
por ser apenas um pontinho sem vivência
Quando eu crescesse um pouco e me apaixonasse
veria o amor refletido em pontos reluzentes
e me pontuaria em dois...
Ainda dentro da minha maturidade de ponto de bigodes,
receberia as bofetadas vindas debaixo
desse mundo que não dá ponto sem nó,
pontualmente.
E quando envelhecesse,
e tivesse dor nas juntas dos meus pontos
e andasse com um ponto contundente na corcunda
saberia o que esperar além da vida;
um ponto final

POEMA DO IRMÃO


Quem é meu irmão?
Nossas diferenças me assustam
Meu olho não é o seu olho que me olha
e enquanto meu coração me é conhecido
o dele lhe trai
Quem é esse meu irmão
que eu desconheço?
Quando fôramos iguais
seríamos idênticos,
entretanto,
na ausência da semelhança nos distanciamos
e pouco lhe posso dar razão
Se não o conheço,
então não o amo
Se não o amo,
ele não existe mais.

02 July 2008

POEMA CONTROVERTIDO


Morre-se de inteligência
Mas não se morre de desgosto

Porque se eu penso, morro-me devagar

morro-me mais

morro-me até não mais ter que morrer

E se há desgosto,
não morro;
preferivelmente,
mato.

01 July 2008

INCREDULIDADE

Verter um riozinho de sadismo
e uma lagrimazinha de espaçamento dos sentidos
na intenção da suscetibilidade
Sentir o mundo é a libertação do ego
Negar o ego é a exatidão da imbecilidade.