29 October 2006

MINHA PELE



Louvada seja a minha pele
Num dia, cálida, noutra vez, grosseira
Que me protege dos demônios que me cercam
E me aconchega com o amor que ainda tenho

Onde arranjaria tamanha fonte de defesa
Não fosse essa couraça de cetim e estopa
A armadura de fel
E o manto de cristal
Que ostento e exponho,
E que ainda me sustenta?

Louvada seja, pele minha, por ser mais eu que eu
Que ainda não sei me defender do mundo
Não sei do malefício,
Só sei da dor do mal
Não sei do golpe
Só sei do frio do punhal
Louvada seja, pele minha,
Que me conduz também à santidade
Sei do bem que há em mim
Se não sou santa;
Sei da insanidade em mim
Se não sou parva.

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