03 October 2006

PREGUIÇA


Na minha solidão de agora
Quero reunir o que sobrou
Um pé de pitanga
O espaço onde eu circulo
Uma foto minha, meus dentes muitos brancos
O livro de cabeceira à espera de ser lido
O vestido marrom que não me lembro
As orações que fiz e que estão presas no teto
Alentando o cumprimento das promessas
Um cinzeiro luminoso e limpo
Duas mãos que estão se cruzando no peito
Aquele crucifixo de prata que envelheceu comigo
E o sentimento que ainda nem sei
Se é dúvida
Se é monotonia,
Preguiça de reunir os objetos
Preguiça de imaginar o que vou ser.

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