28 November 2006

CANTO DA MADRUGADA


Hoje fui dormir com uma falinha doce
Que batia incessante em meus ouvidos;
Podia ser a falinha de um pensamento fixo
Recorrente, repetitivo
De que tudo que estou vivendo é nada
Perto do que ainda vou viver
Acordei agora de repente
A falinha cessou de sussurrar
Há um vazio dentro do meu peito
O que viverei me fez em sombra
O que eu serei me fez desalentar

Tudo o que ouço agora dentro da madrugada
É o fiu fiu liso e amoroso
De uma rola que ficou presa no quintal
Um pio longo e desajeitado
Intermitente e acomodado
De quem cansou de chamar
Também me cansei;
Ninguém veio e me tirou do abandono.

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