23 February 2007

COMO OS HUMANOS


Ser poeta é a coisa mais difícil de se fazer
Por que teimo tanto em explicar o meu estado?
Quando todos estão pra lá
Estou pra cá
Se concordam
Eu discordo
Se mudam
Eu não saio do lugar
Mas engano bem minha poesia
Finjo que me mudo
Que concordo
Que caí do lado de cá
Puro medo de permanecer insana
Mas como dói poetizar como os humanos!
Deixa-me permanecer aqui, parada
Onde possa ter um vento, um cheirinho de verde de quintal
Uma possibilidade de rede
Um imenso azul que eu chame de tatame
E essa sensação inescrupulosa de que não preciso de chão que me segure

Nem gravidade que me prenda
Porque atualmente, nada e ninguém me bastam;
Se o mundo fosse só eu,
Essa coisinha em formato de indagação
Ainda assim eu seria feliz
A felicidade não está na mão do filho que me beija
Nem na simpatia do bom dia que vem da porta ao lado
A minha felicidade é pequena, do tamanho exato
De mim mesma.
Eu sou a própria felicidade
Sem chancelas.

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