19 February 2007

EU, CILINHA




Se um dia eu possuir aquele apavorante sentimento de perdição
Se um dia colocarem-me à beira do abismo
E se eu desejar pular, entre acovardada e forte;
Se um dia jogarem-me à cara todas as palavras ásperas
Que bem mereço, embora não seja preciso ouvi-las;
Se um dia eu recuperar o fio da meada
De um novelo de lã que está bem aqui debaixo da minha saia
Se um dia for me perguntado “ por que ?”
E se eu já souber a resposta, que terá vindo
Do borrão do café no fundo da xícara de barro
Neste dia
Será preciso me lembrar
Da criança que fui
Com os olhos grandes, abertos à claridade,
A blusa branca, pureza juvenil que me colocaram,
E essa boca, essa mesma boca,
De espanto diante de tudo
Nesse dia de confrontação com a verdade,
Terei dito,
" Nunca me conformei com este mundo."

1 comment:

Anonymous said...

Vc aproveitou muito bem a foto.
Eu fico feliz por ter sido a facilitadora, de algum modo...