04 March 2007

MEU ÍNTIMO


Não me importa mais escrever para descrever meu íntimo
O que importa mais é que meu íntimo já se revelou
Aqui dentro pinto uma garça deselegante que anda em círculos
Um céu nublado, mas que nunca chove
Um cantinho em santuário
Que eu levantei para cada noite que passasse
No mais, há lágrimas secadas
Um afeto terno,
E as quireras das emoções despedaçadas.
Contemplo meu íntimo
Nada é igual ao o que tenho aqui fora;
Moro num livro,
As orelhas estão despedaçadas;
Aqui já não há garças,
E o nublado se virou para o nordeste
De alguma constelação galática
Se tem secura em lágrimas,
Foi porque o destino mandou que eu fosse assim
Uma mulher atenta, montada em decisão
As duas mãos cheias para oferecer
Mais um restinho de amor emprestado
Um coração que não bate mais
Só repreende, castiga, grita, esperneia
E ecoa.

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