Quando eu vivia naquela felicidade de dar nó em doido
Tomava chuva num dia e no outro também
E nunca dava um espirro sequer
Podia ventar os ares gelados de geladeira aberta
Ou cair um granizo feito chuva de arroz em casamento de pobre
Que a minha vida seguia o mesmo rumo que seguem os pássaros migratórios
Tão certa, que bússola nenhuma tinha função
Depois que entrei no hemisfério corporativo dos homens
E deixei de viver as tônicas da poesia e meditação,
Deixei de me alimentar da solidão do espelho
E das confissões espontâneas da alma,
Nunca recebi tanto "bom dia"
De tanto "bom dia" e cafezinho preto descartável
Engripei, adoeci, vulnerei-me
Chego à conclusão
Que bom dia era quando eu vivia pra mim mesma
Voltada para o que é exato e missionário
Eu resido fora do mundo
E se alguém me enxerga aqui
É ilusão de ótica, é miragem da febre dos desertos
Estou por um pouco só,
Devaneio-me em sonhos
De desejar bom dia pra mim mesma.
1 comment:
BOM DIA CECI!
APESAR DO MEIO MASCULINO E CORPORATIVO,AINDA VIVE CECI!
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