30 July 2007

AMAR UMA SOMBRA


Quando fui lhe ver
Emudeci diante do seu altar
Vi-lhe as velas
Vi seu semblante de olho vazado
Vi aquilo que chamam de manto
E a sua carne clara;
As vertentes da sua carne me foram sensuais,
Tão novas,
Tão cheias de asperezas
Tão inócuas
Fui lhe ver na intenção de saciar uma sede antiga
A sua antiguidade foi o que aniquilou
Fiquei muda,

E palavra que viesse
Não saía mais
Só fiquei lhe olhando, assim,
Pasma diante da sua assombração
Que me trouxe depois um histeria tonta
Que saí a rir
De mim
Do meu desassossego
Do feio termo que inventei para nós dois
Amo uma sombra
E essa sombra hoje de mim se descolou.


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