O pé de cachimbo do domingo já começou
Estou plena de distenções
Doem-me as pernas
E dói-me o sentimento do sábado que já se foi
Para viver esse domingo insalubre
Convoco a mocidade alegre do meu passado
Para abrir o dia,
Manter o dia
E passar o dia ao meu lado
Caio por sobre a cama e divago
Imagino o que seria esse domingo
Na Polinésia Francesa nesse momento
O que a Polinésia Francesa sonha num domingo?
Sonharia com a visão dessa minha janela
Um parque a céu aberto, um sol ardendo
Um vento que bate, desobediente,
Um quarto aceso, uma promessa,
Um desejo ingênuo de ir para o estrangeiro...
Domingo na Polinésia é mais um dia de domingo
Aqui, onde estou, é pé de cachimbo
Nem tão bom, nem tão ínfimo
É só domingo;
Se Deus fosse imaginativo, amanheceria domingo
Com bandeirinhas pintadas cruzando o céu
Homenageando todas as constelações
Eu elegeria a bandeirinha mais singela
A mais tímida, aquela que ninguém vê
E lha ofereceria,
Para que você enfeitasse seu terno branco de domingo
Com minha lembrança e o meu cuidado.
Domingo precisa ser dia de festa,
Em mim, no caos,
Na escuridão das minas,
No mais fundo do mar,
No mundo em que você vive,
Há que ter festa;
Há de ser festa também na Polinésia.
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