24 November 2007

POEMA DA DESPEDIDA SUAVE


Gostaria que meu poema de hoje fosse uma despedida
As despedidas que conheci foram todas irrompantes
Quando perdi, perdi assim, de repente
Embora as ausências já tivessem sido plantadas antes
E o adeus tenha sido apenas uma leve confirmação
Gostaria que meu poema de hoje fosse uma despedida amorosa
Que ainda não conheci
Uma despedida que atrele em si a mais pacífica palavra
O mais brando distanciamento de todos os distanciamentos
O desenlaçar dos dedos, suave,
E que eu leve a lembrança agradecida de quem me curou quando eu estava doente
E de quem tratou a minha pele quando tive frio
Gostaria de me despedir hoje,
Neste poema, no meu último poema da minha última tentativa de engate,
Na minha tentativa desesperada de kamikaze que perdeu a visão,
E se jogou no último minuto, sobre o azul que escondia a fé.

Hoje eu desejaria me despedir, devagarinho
Não como o frio intenso que se despediu deste último inverno
Fazia frio, eu estava enrolada em lã,
E subitamente, a qualquer hora da madrugada, sem que eu esperasse,
Sem que eu me preparasse em vigília,
Em meio ao meu sono distraído e denso,
Foi-se.



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