16 November 2007

POEMA DA DOR DE ESPERAR


Faz frio e hoje é um dia interminável
Os poucos sambas que aprendi a dançar são velhos demais
Não sei-lhes mais a letra,

e meus calçados agora apagaram os passos
do " prá lá e prá cá "
Vamos comer farinha de mandioca misturada com chuchu
Vamos rever a lua de abril com as estrelinhas tontas a boiar no ar
Vamos retirar de nós as insatisfações do humor
E vamos colocar de novo o humor dentro do sal...
Se hoje fosse um dia de me render à alguma surpresa
Juro que não me faria de rogada
Iria para a rua quando tudo estivesse à venda;
Comprava-lhe um sol de tarde, e daria-lhe o sol na tarde;
Comprava-lhe pimenta verde;

e encheria-lhe o corpo com o perfume verde
da pimenta
Comprava-lhe um amor novinho,

desses que não se fazem mais,
Sem marcas e sem arranhão,
E lho ofereceria, embrulhado em papel reciclado de bobagem
Faz frio aqui, o dia está interminável,
Ainda tem muita vida a despencar da sua cascata,
Vamos esperar...



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