09 February 2008

DECRETO


Hoje baixei-me um decreto
Fica terminantemente vetado que
a partir de agora
as ararinhas morram
que os ventos entrem em greve
e deixem de uivar à janela do meu quarto
que as canções da minha infância
parem de soar por dentro da minha mente
que os mendigos prosperem
e percam a visão do alcance da sorte
e que os ricos se rasguem
e que percam a visão da manutenção da sina
Fica proibido que eu abandone a solidão
me jogando ávida nas pistas de dança
e pintando meu rosto com borrões
naquela falsa alegria de dama do baralho
A partir de hoje
está previsto
que eu morra somente de amor
e que na hora da morte por esse amor
eu possa sussurrar, entre um pouco ofegante
e febril o bastante
Valeu-me!

1 comment:

Unknown said...

Seu decreto foi um tanto diferente do meu, mas valeu a discrepância!