26 February 2008

POEMA DA TRISTEZA FRIA


Minha mãe faz arroz doce
com leite condensado e raspas de limão
Minha mãe está à porta da cozinha me chamando
com uma voz cansada,
"Cilinha, olha o arroz doce!"
Não vê que tudo o que tenho vivido não tem sido doce, minha mãe?
Castigaram-me, surraram-me
cuspiram no meu rosto
e se eu tivesse um manto
também mo tirariam
Sua imagem se foi,
eu creio que também já me fui
Só seu doce solitário e frio, à beira da pia da cozinha.
Como tem sido doloroso viver, minha mãe....


3 comments:

Jesus Cordeiro said...

Cecilia
Você não se foi, está aí com o doce de sua mãe no coração!
Eu a compreendo, a minha está cá, mas já não conhece as suas meninas.É sofrido, muito duro, a minh'alma chora.
Bjo
ju

Anonymous said...

Maria Cecilia...como é dificil perder a nossa mãe.Ela é tudo para nós,mas a ordem cronológica da vida é implacável.Mas você continua aqui como o arroz doce feito com leite condensado e raspas de limão para,com suas poesias trazer o lindo da vida e a sua realidade.
Eu também perdi a minha na hora que mais precisava dela,Foi Deus quem quiz assim.

Beijos soprados e molhados

eloadir

Anonymous said...

Deus do céu...
Como este poema tocou minha alma.
Hoje, acordei e lembrei-me do arroz doce da mama~e.
Decidi faze-lo e agora, abro seu blog e vejo isto!
Que sincronicidade.
Obrigada pela tristeza e doçura.
saudades tb.