16 February 2008

POEMA PARA O PASSADO



Fico, breve momento, a olhar um quadro
Quem o pintou,
nunca soube de mim
nem conheceu os trespasses da minha angústia
Muito menos consolou-me à hora da perplexidade mais contundente
Olho este quadro e me revejo
na criança que fui
os medos, as hesitações
o terror das antecipações e
as confirmações da alma
as cores da minha infância,
as imaginações na prospecção do futuro
as sensações mínimas no corpo de mulher
a vir a ser
Viver é isso para mim
Olhar este quadro e rever a trilha
que risquei;
Inércia pintada na parede
O passado é pintura que se dependura
Hoje, um embaraçoso contemplar.



No comments: