05 April 2008

AMO-TE E TENHO SAUDADE


Tenho tanta saudade de ti, meu filho
Desse filho que já não tenho mais,
Não porque não sejas mais meu
Mas porque tivestes que empreender a tua caminhada
naquela estrada que sabes que
há muito preparei para ti
Tu te foste,
tímido e medroso
Eu te apertei vigorosamente a mão
e te deixei que fosses
em busca da malícia do mundo
e em busca do conhecimento da tua veracidade
No começo, bem que ficastes olhando para trás
e corrias de volta para mim, para a minha dor
ao primeiro terror
e nas primeiras horas
Depois, mas bem depois
quando teu vulto foi se esvanecendo na estrada
quando já estavas suficientemente valoroso,
me senti livre de ti
mas contrariamente
presa às tuas recordações do menino que fostes
afundado no meu regaço
e aos teus olhos úmidos de curiosidade
Tuas indagações, teus silêncios
as tuas conquistas
Todas me foram consagradas
como se a mim mesma fossem ofertadas
Hoje tenho saudade de ti
uma saudade antiga
de filhos que tu vens sendo há centenas de séculos
e a saudade suave da mãe que te tenho sido
desde o começo das eras
Ou saudades de ser tua filha
consolada, por teu sorriso bom
e tua mão hoje corajosa,
quando a seguras forte.
Temos sido a dualidade das paixões perpétuas
Tu por vezes é lamparina,
eu sou o fogo fátuo
Tu, as marés
e eu, a lua lícita da tua regularidade
Peço-te perdão hoje
não por ter sido menos amorosa
nem por ter-te retirado as ambições
(sabemos nós dois que não seríamos assim)
Peço-te perdão por ter-te exposto ao mundo
Ao mundo dos restritos, dos que pensam o infímo
e por não ter te preservado dentro do amor que guarda
Mas contudo,
porque te amo
e porque te amei desde o início
e porque sinto saudade,
Ouço-te agora cantar para mim a música que
amei ouvir quando estavas perto
Assim, reconcilio-me com a tua imagem
e com tua meiguice de filho muito amado
Amo-te, amo-te,
e por amar-te assim,
tenho saudade.

2 comments:

Anonymous said...

Maria Cecilia,os filhos são criados não para nós,mas para o mundo.Os meus se foram aos dezessete anos e eu que esperava tê-los sobre minhas asas sempre,me enganei.Lembro-me que quando ia levá-los à rodoviária e aos vê-los franzinos,crianças ainda,carecas(pelo trote universitário) pedia à Deus que olhasse por eles e pelos jovens no sentido de não se emveredarem no caminho do mal,das drogas.E Deus ouviu me pedido e olhou por eles.Hoje estão formados e são profissionais e homens.
Maria Cecilia,o seu se foi também,com certeza levado em função de sua profissão e creia que ele irá vencer profissionalmente e como homem e lhe dará mais alegrias do que as deu até hoje.E você vai amá-lo mais(se isso fosse possivel).Entregue tudo nas mãos de Deus,ele irá olhar pelo seu filho e por todos nós.

Tenha Fé em Deus,com ele somos maioria absoluta.

Abraços

eloadir

Unknown said...

Este poema é dirigido ás mães todas.
eu seria mais uma.