Sou prematura de sete meses,
Faltou-me no acabamento
paciência, humildade e coragem.
Tenho um nome de santa
De santa eu não tenho nada;
Não como ovo, não como frango
Não tenho ciúme de coisas
Nem de nenhuma alma
Digo todas as verdades com convicção
Não me importa se me adulam
E todas as minhas verdades
nem sempre são verdades.
De generosidade, cultivei pouco
e colhi pouco;
Falo muito, sofro de frio nos pés
A minha vaidade não me permite errar
Mas erro sempre que posso
erro de monte quando não posso.
Não tenho saudades do passado;
Serei espiritualista até morrer,
E depois que morrer, serei materialista
Gosto de viver fora da concordância do mundo,
Penso grande e ajo pequeno
Minha língua me trai.
Desdenho as pessoas patriotas,
Acho que o mundo é pequeno demais
e que meu peito sonha muito.
Tenho vícios, os quais me adoram,
Posto que minha dedicação a eles é extrema
mas tenho comportamentos que eu exumo
Porque me são complacentes, e eu não os rejeito.
Falo alguma coisa em algumas línguas
mas é a minha própria língua que me desafia
Nunca soube contar direito;
A matemática desistiu de mim;
Não sei cozinhar como devesse,
Engano as panelas,
mas elas nunca me enganaram.
Falo pelos cotovelos o que não quero
Tudo o que digo subtraio por dois,
O meu espaço geográfico é fraco
Não gosto de andar por aí,
Gosto de ficar comigo mesma
e as pessoas me cansam
com aquelas palavrinhas de mesma coisa.
Nasci cansada
e para todas as coisas do mundo
incluindo o que existe
e excluindo o que não há,
ainda estou deveras cansada...
1 comment:
Maria Cecília
Que belo post!
Muito bem explicadinho. Você é um gato no azul.
Que título, para um livro que acabou não saindo. Ainda não pelo menos.
Post a Comment