Fizeram de mim um arco
de passar reverências
e de passar procissões.
Por isso me pus firme
a adornar aqueles que passavam.
Passaram todos e eu não passei,
fiquei assim tão bela, enfeitada,
a decorar o tempo e a me fazer
de piso aos passarinhos.
Quero dar um único passo,
mas me falta perna
e me falta braço.
O arco de mim
não me basta,
mas circunda o meu espírito
que antevê a liberdade.
2 comments:
Perdoe-me, Cecília, mas a primeira frase deste teu tão belo texto é de antologia. Honestamente.
Poesia não é apenas forma, mas conteúdo expressivo também. E isto, os teus textos tem de sobra. Parabéns, poetisa!
Caríssimo André
Vim lhe visitar em seu inverno gelado também para apreciar o haiku, tão lindamente escrito por vc... O galho nevado.... coisa de cinema para nós no Brasil! rsrs.
Aproveito para lhe desejar um feliz ano novo, contando com sua amizade.
Abraços
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