31 July 2011

DO QUE FALO




Falo de coisas simples para libertar as complexidades.
Do que sou, não sei  muito ainda
mas sei do que fui.
E naquele tempo, tampouco sabia muito;
verossivelmente nada.
Foi preciso que as minhas primaveras se juntassem,
uma após as outras,
que as folhas verdejassem, depois caíssem,
e que o frio chegasse, que o verão torrasse;
foi preciso o suor ácido por cima da testa
e foi preciso descanso de mártir quando a guerra acaba
para que eu me tornasse uma criatura sapiente e calada.
Mas do que eu calo, falo,
e agora já nem sei do que falo.


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