23 December 2011
SAFRA DE MÁGOAS
De todos os meus erros do passado
apenas um me persiste;
o de ser terra pronta e cultivada
para os desajustes do amor...
Ser como a terra,
deixar-se lavrar como a terra,
receber a abundância da água queixosa,
murmurar o crescimento da mágoa
é a minha estação e a minha safra.
Fosse a minha tristeza uma bandeira,
esta seria monocromática,
e se fosse um rio,
seria um rio de uma só margem...
Posto que já vi o que agora vejo,
esta é a minha condição de alma:
nem o erro me ensina,
nem a virtude do novo me acalma...
21 December 2011
AQUILO A QUE CHAMAM DE AMOR
Quero agora um amor
que me desprenda do meu corpo.
Quero um amor fácil,
como as estórias de Andersen,
como os rios fáceis do Amazonas
e como as luas certeiras do oriente.
Quero um amor que não me peça as cartas
e que somente me dê
o desejo, o desejo e o desejo.
O desejo fácil das facilidades,
o desejo fácil das amenidades
e finalmente,
o desejo fácil das banalidades
que compõem aquilo
a que chamam de amor.
14 December 2011
A VOLTA
Nem cem anos se passaram
e a natureza nesta minha volta
ainda respira.
Porquê fiquei muda,
nada significou tanto como a
falta da minha fala.
Se não falei,
foi porque vivi,
e foi uma vida longa,
de cem anos,
de cem juras sem descanso,
de cem braços e cem seios,
de cem lábios e cem noites boas de amor,
e ainda agora, bem agora,
sem tristeza e sem pudor.
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