10 April 2012

TUDO MORRE




Tudo morre;
morre a tarde, morre o sábio,
morre a suculência da carne.
Tudo morre,
tudo sublima, tudo transmuta...
Morre o pelo do gato
e morre o gato,
e só não é imorredoura
a visão fugidia do seu salto
(esplêndido, livre, sinuoso)
que venho guardando, incólume
por todos esses anos,
a habitar consensualmente a minha memória.
Aqui ele persisitirá, magnífico,
absurdamente vagaroso e belo,
a despejar uma leveza cívica, correta
lampejos de imortalidade e verdade,
na  perpetuidade viril desta imagem
que será assustadoramente vívida,
enquanto existo.

1 comment:

Sotnas said...

Olá poetisa Cecília, que tudo permaneça bem contigo!

Pois é minha prezada poetisa, tão somente é isto que carregamos ao deixar esta existência, levamos na memória as boas e belas lembranças do que nos proporcionou felicidade por cá. Muito belo escrito este teu, e como de outras vezes cá estou eu refestelado sob teu Pé de Pitanga, admirando e absorvido pela beleza de teu poema, e também da bela imagem a encimá-lo, parabéns pelo belo poema como sempre. E assim grato por tuas visitas e comentários eu deixo meu desejo que você e todos ao redor tenham um viver intenso e feliz, um enorme abraço e até mais!