25 November 2006

CONFISSÃO


E se eu confessar
Que fica proibido se despedir de mim
Antes que eu me despeça primeiro
Que as amorinhas doces do jardim
Já viraram o fruto perfurado dos pardais
E que o jasmim que perfumava a sala
Virou um agridoce insuportável
Se eu confessar
Que eu mesma já me adulterei em muitas
Já me menti,
E já me conformei com a minha canalhice
Que de dia chora,
Mas que à noite, se arruma em saia e castanhola
Se eu confessar
Que já me mordi de ódio
Descendo as paredes onde eu moro
Mas me tratei a pele em peças de veludo
Se eu me confessar contraditória
Fica proibido que me julguem
Porque eu confesso tudo;
Não há escapatória.

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