30 December 2006

ARTISTA


Eu sou artista
E nisso não há nenhum mérito ou glória;
Fui ficando triste
E fui interpretando a arte
Através das vicissitudes
Que eu vejo
Mas que ninguém vê.
Se há festa em volta
Claro que vejo a festa,
Todavia vejo também a solidão de alguns;
Se há velório
Vejo o velório,
Mas vejo também o alívio de alguns presentes
Pela partida definitiva do ausente.
Se não há nada,
Vejo o tudo,
Porque o nada também inspira a sofreguidão dinâmica da vida
Se você está rindo agora
Vejo que seu sorriso
É metade alegria
Metade tolerância,
Metade luz
E a sua metade mais sombria
O ser artista é uma clarividência
Que não expõe o mundo
Nem adivinha, nem pressente,
Nem profetiza
O ser artista é sofrer junto.

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