Vou escolher a casa em que morarei
Que há de ser branca
No leite da minha infância
Trazido pelas mãos de minha mãe
Há de ter janelas rústicas e baixas
Pintadas dos pavões de azul royal
Feitas da madeira da acácia
Nodosas, imperfeitas, esburacadas
Contudo, sólidas janelas
Com trancos e ferrolhos
Do cinza carbonado do passado
Há de ter uma porta feita de carvalho
Larga e alta
Generosa e afável
Rude no desenho,
Terna no cerrar,
E uma sala ampla, arejada
De móveis talhados à matéria orgânica
E o piano que terei, sentado ao lado
Da janela mais clara,
Onde possam vir as cotovias
Para escutar o canto do teclado
Há de ter plantado em terracota o lírio
O lírio azul e as hortênsias desmaiadas
Como ar que ostento sempre quando choro
De cor arroxeadas
Derrubadas em cobre avasilhado
Um par de cada lado
Da cristaleira antiga
Que foi de alguma avó
Que não a minha;
Que há de ser branca
No leite da minha infância
Trazido pelas mãos de minha mãe
Há de ter janelas rústicas e baixas
Pintadas dos pavões de azul royal
Feitas da madeira da acácia
Nodosas, imperfeitas, esburacadas
Contudo, sólidas janelas
Com trancos e ferrolhos
Do cinza carbonado do passado
Há de ter uma porta feita de carvalho
Larga e alta
Generosa e afável
Rude no desenho,
Terna no cerrar,
E uma sala ampla, arejada
De móveis talhados à matéria orgânica
E o piano que terei, sentado ao lado
Da janela mais clara,
Onde possam vir as cotovias
Para escutar o canto do teclado
Há de ter plantado em terracota o lírio
O lírio azul e as hortênsias desmaiadas
Como ar que ostento sempre quando choro
De cor arroxeadas
Derrubadas em cobre avasilhado
Um par de cada lado
Da cristaleira antiga
Que foi de alguma avó
Que não a minha;
Pois eu quero o carinho estranhado
O estrangeiro amor lá instalado
Que me revisite todo dia
Os quadros me inspirarão a ter a leve insônia
Ao recordá-los quando eu me deitar
Cozinha pequena, escondendo os tachos
Pra que eu me lembre que comer não me sacia
Mas os livros, sim, dispostos todos à beira da pia
Para que eu me refaça em versos,
Que eu coma a poesia todo dia.
Na casa em que morarei
As toalhas serão brancas como o algodão
Que curou minhas feridas
Brancas como a profusão de cores
Em hélice insana
Brancas como o giz que me enveredou a vida
O ar de calma que agora eu tomo.
Todo o silêncio que busco
O cheiro de lavanda que persigo
Todo riso cristalino que preciso
Todo aconchego em que me aninho
Está na casa intensa em que morarei
Que amarei, como amei alguém
E cotidianamente lhe respirarei o ar
E onde desejarei morrer.
Os quadros me inspirarão a ter a leve insônia
Ao recordá-los quando eu me deitar
Cozinha pequena, escondendo os tachos
Pra que eu me lembre que comer não me sacia
Mas os livros, sim, dispostos todos à beira da pia
Para que eu me refaça em versos,
Que eu coma a poesia todo dia.
Na casa em que morarei
As toalhas serão brancas como o algodão
Que curou minhas feridas
Brancas como a profusão de cores
Em hélice insana
Brancas como o giz que me enveredou a vida
O ar de calma que agora eu tomo.
Todo o silêncio que busco
O cheiro de lavanda que persigo
Todo riso cristalino que preciso
Todo aconchego em que me aninho
Está na casa intensa em que morarei
Que amarei, como amei alguém
E cotidianamente lhe respirarei o ar
E onde desejarei morrer.
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