21 December 2006

PROMETA-ME


Prometa-me que será capaz
De me engolir inteira e ainda assim
Saciar-me os pedacinhos da maldade
Que me prometi ausentes,
Mas me foram dados;
Prometa-me que será capaz
De me dormir
De me sonhar
De me fazer rir
No meio da confusão de pragas que há no chão
Prometa-me sempre
Mesmo que não cumpra
Faça da sua palavra o cravo e a canela
Que refresca a pele
E só me alivia;
Mas não cria
A essência mais profunda.

Prometa-se ser feliz
Porque é um abuso a felicidade agora
É a imperfeita simbiose da palavra
E da falta da ação irradiada
Prometa-me, prometa-se
Prometamo-nos
Que se há vida,
Que nos enredemos em promessas
Que se não cumpridas,
Hão de nos manter lúcidos e avivados.

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