15 February 2007

DINA VERA



Dina Vera foi quem eu conheci quando criança
Dina Vera era moça, mas era feia
Uma cara gorda, sorriso abestalhado
Cabelos curtos e ruços, enrolados
Dina Vera usava bota ortopédica
Dina Vera era o contrário da sensualidade
Se ria, espantava
Sempre tive imenso pavor, tanto da Dina
Quanto da Vera
Quarenta anos voaram
E aqui estou, mórbida de tédio e sono
Dessa vida que vivi e que não me conformo
Dina Vera, entretanto, não morre dentro de mim
Vive, todos os dias,
Debaixo da minha pele clara
Do meu olhar bem pintado
Das palavras macias, escolhidas a dedo
E dessa minha meiguice, que eu aperfeiçôo e moldo
Dina Vera não sabe,
Mas eu também manquitolo.

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