15 February 2007

RIR DEMAIS


Tenho muito medo de quem ri demais
A bestialidade no rosto adulterado
As contrações do corpo
Os múltiplos espasmos
Diante de tão primitiva ação
De ter cócegas na mente

E o involuntário ato de dobrar-se
Até que o riso acabe, como se fosse tosse.
Quem ri demais abstém-se de sentir
O mundo como ele é
Rir demais é contrariar o sentido das coisas
É viver o realismo, mas negar o realismo
Talvez nem negá-lo, mas desconhecer-se
É confundir-se com seres anormais
Neste mundo de impossíveis
Neste mundo onde coabitamos todos
Panteras, acácias, nuvens, esquimós
Nada há para se rir em demasia
A lástima é muita
Mas o rir, insano.
Ri, mas ri pouco,
Recolhe-te ao teu juízo
E quando estiveres prestes a rir demais
Recua,
Nem os animais, em toda a ignorância
Fariam jus a tal ato desumano

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