21 February 2007

MINHA ALMA QUE GOZA


Não é só o corpo que goza
A alma há de gozar também
No íntimo das vísceras
Há de se desencadear as maravilhas
De uma explosão de nervos
Por dentro das vontades reprimidas
De uma alma simples como a minha

Minha alma é singular
É cascata de beijo no desejo
Não de possuir o prazer;
Possuir o prazer é se prender a um prazer

Do outro
Mas de ser,
O próprio prazer angustiado
Por gerar o jorro do prazer, em mim aprisionado

Quero para sempre que esta minha alma molinha,
Como está agora,
Nem se levante da cama de manhã
Quero a minha alma lânguida de sono
Que nem penteie os cabelos emaranhados

Que não se canse,
Que não se assuste e só emane
A vigorosa e juvenil sensualidade
Pois que minha alma é a mulher mais vadia da cidade
Minha alma é a sucessão de suspiros e fôlego
No antes do sussurro

E no fim do ato
Minha alma é o próprio fogo
Depois de tanto gemido sôfrego, apagado.

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