14 May 2007

POEMA DO TALVEZ


Talvez seja às oito da manhã
Ou talvez às duas da madrugada
Quando eu estiver acordada
Tentando ouvir a fuzarca que o vento faz
Quando quer arrebentar o toldo da janela
Talvez seja azul
Ou o verde claro da garrafa
Verde que agarro como se fosse meu sono
E que mantenho junto de mim
Para desencantar a cor esmaecida que puseram aqui
Talvez seja um sonho
Pequenino e descrente,
Ou talvez seja um pensamento que tive
E nele cri
Talvez seja um nada
Onde depositei um monte de luzes de natal.

Mas mesmo no talvez,
Mesmo na ponta da dúvida
Ainda vibro e subo
Para a superfície
Nessa torcida louca,
Nessa torcida de quem deseja a coroação da vitória
De quem conhece o zero
E persegue os louros.

Quem desceu aos umbrais,
Sabe das sombras
Quem subiu aos céus
Sabe do vôo
Eu quero a única chance de agarrar
A dúvida do azul
E o verde permanente do horizonte
Talvez não seja o horizonte
Nem verde, nem assombreado,
Talvez seja o meu íntimo que ficou assim,
Aparvalhado.

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