Escrevo esse poeminha para um gato
Até a palavra "gato" é palavra que me inspira
Olhos de gato não coisa desse mundo
São extra-mundo,
E eu estou no mundo
Falo "gato" e penso em alquimias
Penso em mantras,
Sacrifícios,
Rezas para o maléfico
Para o bem que um dia vira mal
Todos os gatos são azuis
Mas nós os vemos negros, furta-cor
Ordinariamente pardos;
São azuis porque o azul contém um mistério
Que os só gatos adquiriram na essência
O azul, quando é fluido de alegria
É puro contentamento
Mas pode ser frio, cortante
Mordaz,
Longínquo e indiferente
Dentro de uma independência fastiosa
Que são a maciez e a repulsa
No mesmo ato.
Se os vemos dóceis,
Ou se os vemos indomados
O mistério é que está em nós que vemos torto
E não na natureza ardil da feitura de um gato
Gato que é gato, inspira
O que somos de fato;
O bem dentro do mal
Ou mal, em gato disfarçado.
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