19 August 2007

POEMA DA DOR SEM CURA


Graças a Deus que tenho devaneios
Se assim não fosse
De que me adiantaria ter que olhar esse espelho manchado
E me ver manchada através do aço?
Costumo me transformar em outros seres
Gosto de me sentir um tomate dentro da gaveta
A geladeira me fechando e me abrindo a qualquer tempo
Também quero me transformar em você
Que eu não suporto
Só para sentir em mim
Experimentar em mim
O seu desamor de mim, partindo de você
E mim, plenificado

Essa acidez que tomba,
Esse cinismo que mata
Gosto de ver você,
Como um tomate dentro gaveta
E eu fechando-lhe a porta à cara
Nunca acreditei em maldade;
Acredito em dor sem cura.


1 comment:

Anonymous said...

Beijão, querida. Gostei do seu poema. E já que nele você diz que acredita em dor sem cura...
lá vou eu com minhas quadrinhas "filosóficas":

Não ores sempre implorando
cargas mais leves, ao Senhor.
Peça força, para quando
for demais a sua dor!