Há uma formiguinha andando por sobre a beira do meu copo
Estou achando graça nas perninhas afoitas da formiguinha
As articulações são frágeis e ridiculamente nanométricas
Percebo-lhe andando, mas não percebo-lhe o andar
Só o movimento rápido de rodar,
A circundar o copo, sem que a saída ache
O copo está irrepreensivelmente paralizado
Se fosse gente, seria meu amor, inerte,
Atarantado de prazer sentindo meu pouso leve
Enquanto eu lhe circundo o tórax
E lhe arrebento a pele
Mas é um copo
E a formiguinha está, inutilmente
A despertar em si apenas o que sente
Distração, talvez
Talvez, contentamento
Até que se canse e pule para o vácuo
Nisso reside o amor da formiguinha para o copo
Um, oportuno e desatento,
O outro, desespero e movimento.
2 comments:
Oi, Cilinha. Que bostoso abrir sua página e encontrar tanto recado para o mundo! Permita-me mais uma vez elogiar sua imaginação (embora saiba que voce não gosta muito de elogios...), sua criatividade, sua arte (como escolhe ou compõe - ainda não sei bem como é - bem suas ilustrações! Além de você e Zazá, quem mais aí da família é artista assim? Benza Deus!
Voces me encantam e gostaria muito que o mundo todo as conhecessem, porque sem conhecê-las estão perdendo muito...
Parabéns e beijos do padrinho;
Hei Tio...quantos elogios.
Mas ceci, faz coisa bonita à bessa.
Gostaria e ainda farei isto:
Ilustrar todos os poemas dela.
A palavra associada à imagem!
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