26 December 2007

O FIM DA VONTADE


Restou uma migalhinha do pão hoje sobre a mesa do café
A manhã estava quente
Não tinha passarinho na gaiola
Porque nenhum passarinho que conheço resistiria à prisão
Volto meus olhos para as migalhas do pão
Nem sabem que são migalhas,
Não conhecem seu destino de pertencer ao mundo do descarte
Se soubessem, como se comportariam as migalhas?
Talvez como eu agora,
Um pouco silente,
um pouco com a resignação de quem marcha para a catapulta
um pouco com a alegria de ter sido, num átimo, justa.
Fui o que fui,
De mim usufruiram o frescor e a meia experiência
Fui o desejo do início, a saciedade do meio,
O fim da vontade;
Descarte.



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