23 December 2007

VENHA FELIZ, ANO NOVO



Uns lamentinhos que não foram lamentos de verdade
Como se pode sofrer sem ter motivos!
Essa é a sina dos que sentem dor...
Uma dor, um abafar da dor
Depois, em pares,
Umas felicidades tontas, iguais as borboletas pelo ar
As estações trocadas, enfiadas no cano da viagem...

Mais um ano que encerro
Mais estações tremendas que guardei,
Os sóis esféricos do verão,
as frias madrugadas de um abril agora constelado,
As tardes cor de rosa, tristíssimas, do outono,
as flores de setembro que ainda estão na sala,
frias, ressecadas,
querendo renascer,
impossíveis renascer, coitadas!

Encerro este ano como encerro um verso
Peso-lhe o sentido e a razão,
Contento-me com ele,
E súbito, já não é mais meu,
Depois de tê-lo vivido, pensado,
Depois de tê-lo tido em minhas mãos,
Decido que não o quero mais,
Ele não me deseja mais,
E sem olhar para trás,
Esqueço-o.

Estou tão feliz por ter vivido esse ano como vivi ...
Foi como um sopro no sabão
A bolha que se formou,
Ah, a bolha de sabão que se formou...
Ja está indo para o fim do nada,
Nem bem vejo sua imagem,
Já se foi.




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