20 April 2008

POEMA DA PEQUENA NOTÍCIA

Meus amigos,
Hoje tenho esta pequena notícia
Tenho me desalentado com a vida
Aquilo que esperei, nasceu torto
e o que desejei,
saiu de mim e voltou-se contra mim
As vicissitudes deram-me em contratempo
e se eu pudesse lhes pintar hoje
um quadro da minha posição mental
esgotaria o tubo de tinta nr. 4 da cor gris
Quando pronuncio "pedra"
Me entendem "água"
e quando conjugo o verbo da água
Jogam-me pedras
Só há uma vida a ser vivida em toda a sua plenitude
Aquela que desejei para mim num dia ensolarado
e eu, fresca, gostosamente ingênua,
debaixo da mangueira
A mangueira por certo, ainda há de estar lá
Contudo, a vida que desejei,
cruou-se nas mentiras dos homens
Nestes anos de correção da minha existência
quando joguei par ou ímpar
deu ímpar na cabeça
o que é par para mim
(e par é força de desejo completado)
as pessoas todas não juizam
nem sabem calcular o indivísivel
Meus amigos,
quando eu me for
nem falta farei a este mundo
de composições babélicas
O que eu distribuí,
nao contribui nem soma,
perde-se.



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