Vamos vadiar nesta tarde de domingo quente,
Vamos refrescar a memória com água de lavagem
Que limpou os degraus da catedral onde me batizei
E onde me jogaram por cima a fé, essa que trago hoje
Vamos arrefecer os ânimos
Que não são férreos como previram
Mas têm a fraqueza desencorajada do bambu
E a moleza dos galhos que se entortam, finos
Como eu entorto a cara
Quando nada sai como desejo
Vamos vadiar como se fôramos inúteis
Como se não nos tivessem obrigado a cumprir os deveres
Quando nem chegamos a concordar com eles
E já os estamos cumprindo
Com siso e com desvelo
Vamos nos dedicar à coisa de fazer tudo muito lento
Desinventando a roda e apagando o fogo
Retirando as sementes
Contando os dias prá trás e não prá frente
E dando-nos um tempo de peso no relógio
Onde não haverá relógio
Nem tempo
Sejamos felizes, mesmo que por tão pouco.
1 comment:
Ceci,
Não tinha visto esta, mas gostei. Achei que tem a ver com aquele domingo.
Domingo?
Ou um dia, como se fosse um domingo, quando poderia ser uma segunda.
Post a Comment