01 July 2007

POEMA DO SONHO DO POETA


Dá muito trabalho ser o que sou
No entanto,
Ao fim de cada trabalho
Sorrio e me digo
Que o trabalho foi bom
Eu sou o metal que no frio não se arranha
E no calor se pinga, lisa e satisfeita
Eu sou a palha que aninha e que afofa
Mas que se extingue quando se queima
Não me dê o seu silêncio, nem sua distância
Dê-me proximidade, dê-me seu calor
Porque posso me esquecer do fui um dia
Para você, que é mais morno que a tarde
Para mim mesma, que sou mais fria que o sal
Para o todo, que é o sal amornado do tempero
Sou tudo dentro do todo,
Sou intensa,
Com o raciocínio mais alerta que o coração
Para mim, a razão é tudo
O coração é só o ajuste da viagem
- Eu sou a poeta avessa,
Aquela que nunca sonha
Mais do que o sonho possa suportar.


1 comment:

Anonymous said...

Poeta e valente!
Esperta e competente!
Sincera e desconsertante!
Quem mais faz poesia assim?