04 August 2007

BRINCAR DE SER


Vou debruçar-me à janela da minha calma
E observar os ventos que mudaram a direção da cidade
Onde havia um poste, essa noite mudaram-lhe o lugar
Até agora o poste está andando às tontas,
Atrás do seu destino
Eu também mudei
O que era permanente
Ficou móvel
Estou aqui agora
Amanhã estarei acolá
Dane-se a vida
Com suas coisinhas de procurar sentido
Dane-se o princípio da vida
Que ninguém descobre qual é
Dane-se a gravidade,
Que me me prende ao solo
E que eu ignoro
Dane-se o tratado de Tordesilhas
Que dividiu o que não se podia contentar
Dane-se o fisco
Que me fisga, e eu morro;
Dane-se eu também
Que já me fui, me vou
Me volto
Me troco de lugar
Agora vou querer ser você
Você e suas intenções mais nobres
A sua nobreza me assusta
- Nobreza é o mais indigno dos atos -
E porque me assusta,
Vou querer provar e ver como é ser nobre
- Ser nobre é a coisa mais doida que quero fazer -
Roubo-lhe a sua nobreza
Para amanhã de manhã despir-me dela
Só pra brincar de ser-não-ser
Ir-voltar
Falar-calar
E observar a cidade
Com os olhos de você no hoje
E os olhos de alguém no dia que ainda vem
Bom mesmo seria brincar de peteca
Na falta de peteca, quero brincar de ser.




1 comment:

Anonymous said...

Sem comentáros!!! Vc está cada dia melhor! Bjo
Vera