15 August 2007

LINHA DE ESPUMA


Um jato cruza o céu
No rastro deixa uma linha descendente de espuma
Olho para a linha que ficou, ali, solitária,
Atônita, descompletada,
Como uma cauda sem cabeça
Visto que o jato já se foi
E provavelmente já tenha há muito,
Pousado na Tailândia
A linha ainda continua, viva, frente à minha janela
Frente à minha vida
Frente aos meus questionamentos
Que nunca se dissipam;
Presa pelo frio do ar,
Imóvel, pela surpresa
De ser deixada pra trás
Linha, linha, que sentido
Havia para te deixarem
Sozinha e inútil, ali?
Vida, vida, que sentido
Havia para me deixarem aqui?





1 comment:

Anonymous said...

CECI...
Este seu poema é daquele que se lê
bem devagar, saboreando cada frase.
Como se fosse um bom vinho, serve para ser degustado.
Coitado daquele que devora seus poemas, especialmente este.
Fica com indigestão.